Articulado, além de exímio operador, foi um dos maiores beneficiários das verbas do chamado orçamento secreto. Popular entre seus pares, ele se prepara para voltar ao posto mais alto do Legislativo, com o apoio do governo Lula e sem romper os laços com a oposição. Essas habilidades, porém, ainda não foram suficientes para o senador concretizar um de seus principais projetos: eleger o irmão como prefeito de Macapá. A última tentativa fracassou. O empresário Josiel Alcolumbre chegou a ser anunciado como candidato ao cargo, mas desistiu da disputa na véspera da formalização da chapa. A decisão foi proclamada como um gesto de altivez dos irmãos diante da necessidade de unir a oposição no município. O motivo verdadeiro, no entanto, nada tinha de magnânimo.
Pouco antes ao início da campanna, as pesquisas já indicavam o absoluto favoritismo de Antônio Furlan, o atual prefeito, que concorre à reeleição. Ele aparecia com 76% das intenções de voto, contra 5% de Josiel. Uma derrota acachapante não seria um bom ponto de partida para dar sequência a um projeto bem mais ambicioso. Davi Alcolumbre planeja governar o estado no futuro. O irmão já havia disputado, sem sucesso, a prefeitura de Macapá em 2020. Um novo fracasso poderia atestar de vez a fragilidade política da família, particularmente do próprio senador - por isso, a decisão de abandonar a disputa. "Eles retiraram a candidatura porque havia entendimento de que a manutenção poderia nacionalizar a campanha, o que não seria bom para ninguém, especialmente para quem quer voltar a presidir o Congresso", explica o deputado estadual Hildegard Gurgel (União Brasil-AP), aliado dos Alcolumbres no estado. "O nosso foco agora é fazer o maior número possível de vereadores", destacou.
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