Como parte de mais uma etapa da execução do edital “Vidas Negras, Dignidade e Justiça”, do Fundo Baobá, a comunidade quilombola de São Miguel do Macacoari, no município de Itaubal do Piririm, a cerca de 106 km da capital, recebeu nos dias 05 e 06 de novembro, a comitiva da Associação de Jovens Moradores e Produtores Rurais de Santa Luzia do Maruanum – AJOMPROM e a Rede Quilombolas do Amapá.
O evento contou com a participação de autoridades municipais, líderes comunitários, agricultores e moradores da região do quilombo de São Miguel e comunidades próximas.
As atividades realizadas nos dois dias tinham em seus alicerces a motivação de desenvolver e fomentar o empoderamento político cultural, por meio da realização de oficinas temáticas e a formação de lideranças para construir a defesa e efetivação dos seus direitos étnico-territoriais a favor da equidade racial.
O território de São Miguel do Macacoari foi certificado em 2010, como remanescente de quilombo, pela Fundação Cultural Palmares. Vive de pesca, de benefícios do governo federal especificamente para os idosos, venda de farinha e de frutas da região. E com a chegada do agronegócio na região a comunidade convive em constantes conflitos, vendo seu território cercado por esses grandes investimentos, e também com a falta de políticas públicas dentro da comunidade.
“Seu Maranhão”, líder comunitário cita um exemplo deste abandono do poder público para com o povo quilombola. “O asfalto passa logo aí na frente, dentro de nosso território, dando qualidade de vida entre o Itaubal e o Carmo, mas nem se quer olharam para a margem direita da estrada, onde moramos, somos também moradores desta região e temos este direito”
São Miguel é uma das regiões visitadas pela Ajomprom e Rede Quilombolas do Amapá, onde foi detectada esta ausência de direito e dignidade à população negra do Amapá, assim ressaltou Josilana Santos, presidente da Ajomprom. “Não podemos concordar com abandono neste quilombo. É inadmissível aceitarmos todo este descaso em São Miguel. A comunidade, mesmo com seu território certificado, está sendo invadida pelo agronegócio. Este povo foi cercado por todos os lados e não podem nem usufruir da terra que é deles, vamos lutar para reverter esta situação.” Finalizou Josilana.
O Itaubal do Piririm foi o quarto município a receber a caravana “Povos Quilombolas do Amapá, a luta pela garantia e efetivação de direitos”
Cláudio Rogério
Comunicação Ajomproom e Rede Quilombolas do Amapá